Olá!
Estou encarregada de escrever algumas palavras para a newsletter da Fundação Este mês.
Sempre tive muitos sonhos, mas dentre os principais estava o ingresso para a Universidade. Sonho este que, muitas vezes, ficou muito longe de mim; nasci e cresci em uma comunidade, sou uma mulher preta e sempre estudei em escola pública. Na minha família não existia ninguém com curso superior.
Consegui ingressar na Universidade, no curso de Ciências Contábeis. Cheguei na Universidade cheia de expectativas, mas logo me dei conta que uma nova luta havia começado: a luta de se manter em uma universidade particular, os custos de passagem e alimentação, além de todas as despesas e desafios de uma mãe solo. Me formei, fui a primeira pessoa da minha família com curso superior e realizei um sonho ainda maior: o sonho de abrir caminho para as mulheres pretas da minha família.
A partir daí, tive toda uma história profissional no mundo corporativo, mas resolvi mudar e fazer parte da equipe de colaboradores da Fundação Böll. No mundo corporativo o departamento financeiro contábil tem uma busca incessante pelo lucro, enquanto que em uma organização do terceiro setor temos outros desafios: administramos os recursos e a sustentabilidade da organização, garantimos a ética e transparência com prestações de contas dos projetos apoiados pela Fundação, nos mantemos sempre atualizados para o desenvolvimento das rotinas burocráticas e o atendimento às exigências do fisco brasileiro.
Tudo se torna muito compensador, pois no final de cada exercício não apresentamos um lucro para os sócios e sim, quantos projetos foram apoiados e desenvolvidos, projetos de direitos humanos, igualdade de gênero e justiça socioambiental. Sinto que fazer parte da Fundação Heinrich Böll é fazer parte de algo maior e que estou contribuindo para a construção de um mundo melhor, com mais justiça social e equidade.
Vamos juntos nessa luta!